fbpx

MouraCoaching

Terapias - Cursos - Treinamentos - Mentorias

ORIGEM E EVOLUÇÃO DO BULLYING

A VERDADEIRA HISTÓRIA SOBRE A ORIGEM E A EVOLUÇÃO DO BULLYING NO AMBIENTE ESCOLAR

   

      A sociedade humana desde os primórdios tem convivido com os mais diversos tipos de violência, vez que em todos os grupamentos humanos atos de violência contra o próximo eram presentes e corriqueiros. A maioria dos fatos registrados pela História narram episódios de sangrentas batalhas, como resultados de lutas pela sobrevivência, pela expansão territorial ou apenas por vaidade e sede de poder dos reis ou governantes.

     Na evolução do mundo ocidental, cujas culturas estão sustentadas no pilar que se convencionou chamar de cultura greco-romana, essa tendência de se desejar e buscar o prestígio pelo uso da força está bastante presente e bem ‘enraizada’ na cultura dos diversos povos.

      Assim, voltando-se o olhar para a civilização grega, fonte de muitos dos institutos e anseios do homem ocidental, deparar-se-á com uma espécie de luta entre o desenvolvimento cultural – representado principalmente pela cidade-estado de Atenas – e o desenvolvimento das habilidades bélicas – tendo a frente, inquestionavelmente, a cidade-estado de Esparta.

     No lado romano, seu bem treinado e organizado exército, foi capaz de empreender uma das mais notáveis expansões territoriais já vista e, principalmente, manter a área conquistada com desenvolvimento cultural e comercial, mesmo com tanta corrupção e traições ocorrendo no centro político e cultural do império, por mais de um milênio.

     Nesse contexto, para conservar e disseminar o desenvolvimento cultural, logo no início, os núcleos populacionais criaram a escola – instituição destinada à de modo formal, preparar crianças e jovens para a realização das atividades exigidas pela sociedade.

     Todavia, as diversas formas de violência observadas em todos os demais grupos sociais – família, vizinhança, aldeia, tribo, comunidade e até na nação – entrou na instituição de ensino. Sim, a escola que foi pensada para disseminar o convívio pacífico entre os indivíduos, proporcionando um ambiente adequado para a aprendizagem e “formatação” do “bom cidadão” tornou-se lugar para a prática da discriminação, falta de respeito e até de atos de violência.

     Com o passar dos anos, em todas as escolas e em todo o mundo, a violência ganhou força e porque não dizer: chegou a extremos, assustando a todos – sociedade, instituições e governantes. Essa guinada espantosa tornou o tema violência na escola uma questão mundial, por trazer sérias consequências para toda a sociedade e para o futuro do homem.

     Nessa perspectiva, pode-se dizer que o bullying, termo inglês escolhido para expressar essa questão antiga da violência, que durante muitos anos não causou preocupação à sociedade, no início da década de 1970 assustou o mundo, que passou a ver com grande preocupação os problemas entre agressores e vítimas no ambiente escolar.

     Essa preocupação tem razão de ser, conforme mostram com muita propriedade os vários estudiosos do tema, entre eles, destacou-se neste estudo, pela força expressiva de suas palavras CÉLIA WADA, BEATRIZ ANA BARBOSA SILVA, CLÉO FANTE, JOSÉ AUGUSTO PEDRA e GABRIEL CHALITA[1].

     Wada (2010) assim se expressa sobre a origem dos estudos sobre o bullying na escola:

“Em alguns países, essa pressão e opressão pode chegar ao suicídio por parte da vítima, principalmente em locais onde o valor moral é considerado determinante da vida e do desempenho. Casos de abusos sexuais também são verificados chegando a limites de brutalidade física e emocional em um nível de selvageria irreparável.” (WADA, 2010, pág. 03).

     Já o olhar atento de Silva, observou o seguinte:

“Muitas crianças e jovens a partir dos anos 70, estavam se suicidando, e as autoridades escolares, não se prontificavam sobre os fatos, nem mesmo justiça era feita, mas como o número de acontecimentos aumentou, ocorreu uma “mobilização nacional diante dos fatos, o Ministério da Educação da Noruega realizou, em 1983, uma campanha em larga escala, visando ao combate efetivo do bullying escolar”. (SILVA, 2010, p. 111).

     E em outra assentada, diz a autora:

“[…] tudo começou na Suécia, onde grande parte da sociedade demonstrou preocupação com a violência entre estudantes e suas consequências no âmbito escolar”. (SILVA, 2010, pág. 111).

     Referindo-se ao Brasil, completa seu raciocínio com a seguinte ideia:

“No Brasil, as pesquisas e a atenção voltadas ao tema ainda se dão de forma incipiente. A Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (ABRAPIA) se dedica a estudar, pesquisar e divulgar o fenômeno bullying desde 2001.” (SILVA, 2010, pág. 113).

     A perspicácia e sagacidade de Cléo Fante e José Augusto Pedra (2008) descrevem o fato da seguinte forma:

“Os estudos tiveram início na década de 1970 na Suécia e na Dinamarca. Na década de 1980, a Noruega desenvolveu grande pesquisa sobre o tema, expandindo os estudos para inúmeros países europeus. Como reflexo desses estudos, o tema chegou ao Brasil no fim dos anos de 1990 e início de 2000.” (FANTE e PEDRA, 2008, pág. 36).

      Chalita (2008) em uma obra que ganhou a preferência de muitos especialistas no assunto e de educadores, destacou:

“[…] mesmo sendo tão antigo e já tendo sido objeto de preocupação e investigação por ter comprometido a vida de estudantes, no passado, nada se sabe concretamente sobre o bullying antes da década de 1970. Foi somente com pesquisas realizadas em 1972 e 1973, na Escandinávia, que as famílias perceberam a seriedade dos problemas decorrentes da violência escolar.” (CHALITA, 2008, pág. 100).

       No que se refere ao termo bullying, utilizado para exprimir essa nova forma de violência que ocorre em especial – mas não somente – na comunidade escolar, pode-se destacar que o dicionário Oxford (2010) informa ser o mesmo originário da palavra inglesa bully, classificada como verbo ou como substantivo. Como verbo significa “intimidar”, “brigar”, “maltratar”, “ameaçar”. Já como substantivo, traz em sua vertente os significados de “agressor”, “valentão”, “bruto”, “tirano”, “insolente”. Daí a utilização do seu derivado Bullying para exprimir o comportamento agressivo de uma pessoa.

     Beatriz Ana Barbosa Silva (SILVA, 2010), ensina que o termo bullying, conforme definições estampadas nos dicionários assume a seguinte notação:

“Se recorrermos ao dicionário, encontraremos as seguintes traduções para a palavra bully: indivíduo valentão, tirano, mandão, brigão. Já a expressão bullying corresponde a um conjunto de atitudes de violência física e/ou psicológica, de caráter intencional e repetitivo, praticado por um bully (agressor) contra uma ou mais vítimas que se encontram impossibilitadas de se defender. Seja por uma questão circunstancial ou por uma desigualdade subjetiva de poder, por trás dessas ações sempre há um bully que domina a maioria dos alunos de uma turma e “proíbe” qualquer atitude solidária em relação ao agredido.” (SILVA, 2010, pág. 21).

     Cleo Fante (2005), educadora e grande pesquisadora sobre bullying, ensina que o termo bullying foi adotado em diversos países, inclusive no Brasil, pela sua facilidade de definir com certa precisão a vontade consciente e deliberada que uma pessoa ou grupo de pessoas possui de maltratar, humilhar e intimidar outrem, deixando-o sob tensão.

     Utilizando-se os ensinos de Cleo Fante (2005), entende-se ser o termo utilizado para descrever todo tipo de ação comportamental que seja agressivo, cruel e repetitivo, praticado intencionalmente com o intuito de machucar, magoar ou causar mal-estar em um indivíduo ou grupo de indivíduos, no contexto das relações interpessoais.

    Nessa mesma linha de pensamento, mas aprofundando nas características do fenômeno, Beatriz Ana Barbosa Silva, informa que,

“A palavra bullying ainda é pouco conhecida do grande público. De origem inglesa e sem tradução ainda no Brasil, é utilizada para qualificar comportamentos violentos no âmbito escolar, tanto de meninos quanto de meninas.” (SILVA, 2010, pág. 21).

      Trilhando essa mesma linha de raciocínio A.A. Lopes Neto, afirma que a definição do vocábulo inglês, por ser muito ampla, não encontrando similar em outras línguas, terminou por trazer certa dificuldade na exata compreensão do fenômeno bullying. Em suas próprias palavras,

“A adoção do termo bullying foi decorrente da dificuldade em traduzi-lo para diversas línguas. Durante a realização da Conferência Internacional Online School Bullying and Violence, de maio a junho de 2005, ficou caracterizado que o amplo conceito dado à palavra bullying dificulta a identificação de um termo nativo correspondente em países como Alemanha, França, Espanha, Portugal e Brasil, entre outros.” (LOPES NETO, 2005, pág. 165).

      A problemática envolvendo o bullying no Brasil começou a tomar corpo a partir dos anos noventa, conforme bem informa o Relatório de Pesquisa “Bullying escolar no Brasil”, seguindo a linha de pesquisas levadas a efeito por Cléo Fante, que destaca:

“É também na década de 1990 que um novo conceito passa a ser considerado no campo de estudos sobre a violência entre pares: o bullying. Para fins deste estudo, o bullying é definido como atitudes agressivas de todas as formas, praticadas intencional e repetidamente, que ocorrem sem motivação evidente, são adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, e são executadas dentro de uma relação desigual de poder. Portanto, os atos repetidos entre iguais (estudantes) e o desequilíbrio de poder são as características essenciais, que tornam possível a intimidação da vítima.” (PLAN BRASIL, 2010, pág. 4).

      Da mesma forma, no que diz respeito à utilização exata da noção do termo bullying, aqui no Brasil ainda é muito confuso e desconhecido pela maioria da população, segundo o relatório citado no parágrafo anterior, pois,

“A utilização do conceito apresenta algumas fragilidades. O próprio termo bullying causa estranhamento nos ambientes acadêmico e escolar, por se tratar de uma importação pouco adaptada às questões próprias da violência no ambiente escolar brasileiro. Como resultado, o bullying ainda não se encontra diferenciado no fenômeno geral de violência entre pares, e os critérios que tecnicamente o destacam, que se referem à repetição do ato à falta de motivação evidente, são de difícil aferição objetiva. Nesse sentido, sua operacionalização conceitual exigiria uma consistência ainda não atingida. Por essa razão, o termo, que não tem correlato em português, é utilizado muitas vezes de modo equivocado, referindo-se a episódios de conflitos interpessoais entre estudantes, os quais não se caracterizam pelos critérios indicados.” (PLAN BRASIL, 2010, pág. 5).

     Cumpre alertar para o fato de que o termo bullying que não apresenta um vocábulo correlato em língua portuguesa e, conforme já salientado, ainda é bastante usado de forma equivocada pelos meios midiáticos e até mesmo acadêmicos brasileiros. No próximo artigo vamos abordar a correta conceituação do bullying e suas marcas características como forma de trazer uma pequena luz aos estudos desse fenômeno tão complexo e importante.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMOVAY, Miriam. Drogas na escola. Brasília: Unesco, 2002.

CHALITA, Gabriel. Pedagogia da Amizade: Bullying: o sofrimento das vítimas e dos agressores. São Paulo: Gente, 2008.

Oxford: Dicionário Escolar para estudantes brasileiros de inglês. Português-Inglês/Inglês-Português. Edição Atualizada de acordo com a nova ortografia da língua portuguesa. Ano 2010.

FANTE, C. Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Editora Versus, 2005.

FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying escolar: perguntas & respostas. Porto Alegre: Artmed, 2008.

LOPES NETO, A. A. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro, 2005.

PEREIRA, Beatriz Oliveira. Para uma Escola sem Violência. Estudo e Prevenção das Práticas Agressivas entre Crianças. Porto: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002.

PLAN BRASIL. Bullying no ambiente escolar. Brasil. Pesquisa: 2009.

SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.

SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Cartilha Bullying Professores e Profissionais da Escola, Brasília: CNJ, 2010.

WADA, Célia. Bullying: Perigo nas Escolas e em todo o Meio Ambiente. Artigo. Jul/2010. Disp. em:http://www.cmqv.org/website/artigo.asp?cod=1461&idi=1&moe=212&id=16265. Acesso em: março de 2015.

[1] Esses autores por sua abordagem bastante didática e bem completa sobre o bullying foram utilizados como parâmetro para a realização desta série de artigos sobre o bullying.

A VERDADEIRA HISTÓRIA SOBRE A ORIGEM E A EVOLUÇÃO DO BULLYING NO AMBIENTE ESCOLAR

   

      A sociedade humana desde os primórdios tem convivido com os mais diversos tipos de violência, vez que em todos os grupamentos humanos atos de violência contra o próximo eram presentes e corriqueiros. A maioria dos fatos registrados pela História narram episódios de sangrentas batalhas, como resultados de lutas pela sobrevivência, pela expansão territorial ou apenas por vaidade e sede de poder dos reis ou governantes.

     Na evolução do mundo ocidental, cujas culturas estão sustentadas no pilar que se convencionou chamar de cultura greco-romana, essa tendência de se desejar e buscar o prestígio pelo uso da força está bastante presente e bem ‘enraizada’ na cultura dos diversos povos.

      Assim, voltando-se o olhar para a civilização grega, fonte de muitos dos institutos e anseios do homem ocidental, deparar-se-á com uma espécie de luta entre o desenvolvimento cultural – representado principalmente pela cidade-estado de Atenas – e o desenvolvimento das habilidades bélicas – tendo a frente, inquestionavelmente, a cidade-estado de Esparta.

     No lado romano, seu bem treinado e organizado exército, foi capaz de empreender uma das mais notáveis expansões territoriais já vista e, principalmente, manter a área conquistada com desenvolvimento cultural e comercial, mesmo com tanta corrupção e traições ocorrendo no centro político e cultural do império, por mais de um milênio.

     Nesse contexto, para conservar e disseminar o desenvolvimento cultural, logo no início, os núcleos populacionais criaram a escola – instituição destinada à de modo formal, preparar crianças e jovens para a realização das atividades exigidas pela sociedade.

     Todavia, as diversas formas de violência observadas em todos os demais grupos sociais – família, vizinhança, aldeia, tribo, comunidade e até na nação – entrou na instituição de ensino. Sim, a escola que foi pensada para disseminar o convívio pacífico entre os indivíduos, proporcionando um ambiente adequado para a aprendizagem e “formatação” do “bom cidadão” tornou-se lugar para a prática da discriminação, falta de respeito e até de atos de violência.

     Com o passar dos anos, em todas as escolas e em todo o mundo, a violência ganhou força e porque não dizer: chegou a extremos, assustando a todos – sociedade, instituições e governantes. Essa guinada espantosa tornou o tema violência na escola uma questão mundial, por trazer sérias consequências para toda a sociedade e para o futuro do homem.

     Nessa perspectiva, pode-se dizer que o bullying, termo inglês escolhido para expressar essa questão antiga da violência, que durante muitos anos não causou preocupação à sociedade, no início da década de 1970 assustou o mundo, que passou a ver com grande preocupação os problemas entre agressores e vítimas no ambiente escolar.

     Essa preocupação tem razão de ser, conforme mostram com muita propriedade os vários estudiosos do tema, entre eles, destacou-se neste estudo, pela força expressiva de suas palavras CÉLIA WADA, BEATRIZ ANA BARBOSA SILVA, CLÉO FANTE, JOSÉ AUGUSTO PEDRA e GABRIEL CHALITA[1].

     Wada (2010) assim se expressa sobre a origem dos estudos sobre o bullying na escola:

“Em alguns países, essa pressão e opressão pode chegar ao suicídio por parte da vítima, principalmente em locais onde o valor moral é considerado determinante da vida e do desempenho. Casos de abusos sexuais também são verificados chegando a limites de brutalidade física e emocional em um nível de selvageria irreparável.” (WADA, 2010, pág. 03).

     Já o olhar atento de Silva, observou o seguinte:

“Muitas crianças e jovens a partir dos anos 70, estavam se suicidando, e as autoridades escolares, não se prontificavam sobre os fatos, nem mesmo justiça era feita, mas como o número de acontecimentos aumentou, ocorreu uma “mobilização nacional diante dos fatos, o Ministério da Educação da Noruega realizou, em 1983, uma campanha em larga escala, visando ao combate efetivo do bullying escolar”. (SILVA, 2010, p. 111).

     E em outra assentada, diz a autora:

“[…] tudo começou na Suécia, onde grande parte da sociedade demonstrou preocupação com a violência entre estudantes e suas consequências no âmbito escolar”. (SILVA, 2010, pág. 111).

     Referindo-se ao Brasil, completa seu raciocínio com a seguinte ideia:

“No Brasil, as pesquisas e a atenção voltadas ao tema ainda se dão de forma incipiente. A Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (ABRAPIA) se dedica a estudar, pesquisar e divulgar o fenômeno bullying desde 2001.” (SILVA, 2010, pág. 113).

     A perspicácia e sagacidade de Cléo Fante e José Augusto Pedra (2008) descrevem o fato da seguinte forma:

“Os estudos tiveram início na década de 1970 na Suécia e na Dinamarca. Na década de 1980, a Noruega desenvolveu grande pesquisa sobre o tema, expandindo os estudos para inúmeros países europeus. Como reflexo desses estudos, o tema chegou ao Brasil no fim dos anos de 1990 e início de 2000.” (FANTE e PEDRA, 2008, pág. 36).

      Chalita (2008) em uma obra que ganhou a preferência de muitos especialistas no assunto e de educadores, destacou:

“[…] mesmo sendo tão antigo e já tendo sido objeto de preocupação e investigação por ter comprometido a vida de estudantes, no passado, nada se sabe concretamente sobre o bullying antes da década de 1970. Foi somente com pesquisas realizadas em 1972 e 1973, na Escandinávia, que as famílias perceberam a seriedade dos problemas decorrentes da violência escolar.” (CHALITA, 2008, pág. 100).

       No que se refere ao termo bullying, utilizado para exprimir essa nova forma de violência que ocorre em especial – mas não somente – na comunidade escolar, pode-se destacar que o dicionário Oxford (2010) informa ser o mesmo originário da palavra inglesa bully, classificada como verbo ou como substantivo. Como verbo significa “intimidar”, “brigar”, “maltratar”, “ameaçar”. Já como substantivo, traz em sua vertente os significados de “agressor”, “valentão”, “bruto”, “tirano”, “insolente”. Daí a utilização do seu derivado Bullying para exprimir o comportamento agressivo de uma pessoa.

     Beatriz Ana Barbosa Silva (SILVA, 2010), ensina que o termo bullying, conforme definições estampadas nos dicionários assume a seguinte notação:

“Se recorrermos ao dicionário, encontraremos as seguintes traduções para a palavra bully: indivíduo valentão, tirano, mandão, brigão. Já a expressão bullying corresponde a um conjunto de atitudes de violência física e/ou psicológica, de caráter intencional e repetitivo, praticado por um bully (agressor) contra uma ou mais vítimas que se encontram impossibilitadas de se defender. Seja por uma questão circunstancial ou por uma desigualdade subjetiva de poder, por trás dessas ações sempre há um bully que domina a maioria dos alunos de uma turma e “proíbe” qualquer atitude solidária em relação ao agredido.” (SILVA, 2010, pág. 21).

     Cleo Fante (2005), educadora e grande pesquisadora sobre bullying, ensina que o termo bullying foi adotado em diversos países, inclusive no Brasil, pela sua facilidade de definir com certa precisão a vontade consciente e deliberada que uma pessoa ou grupo de pessoas possui de maltratar, humilhar e intimidar outrem, deixando-o sob tensão.

     Utilizando-se os ensinos de Cleo Fante (2005), entende-se ser o termo utilizado para descrever todo tipo de ação comportamental que seja agressivo, cruel e repetitivo, praticado intencionalmente com o intuito de machucar, magoar ou causar mal-estar em um indivíduo ou grupo de indivíduos, no contexto das relações interpessoais.

    Nessa mesma linha de pensamento, mas aprofundando nas características do fenômeno, Beatriz Ana Barbosa Silva, informa que,

“A palavra bullying ainda é pouco conhecida do grande público. De origem inglesa e sem tradução ainda no Brasil, é utilizada para qualificar comportamentos violentos no âmbito escolar, tanto de meninos quanto de meninas.” (SILVA, 2010, pág. 21).

      Trilhando essa mesma linha de raciocínio A.A. Lopes Neto, afirma que a definição do vocábulo inglês, por ser muito ampla, não encontrando similar em outras línguas, terminou por trazer certa dificuldade na exata compreensão do fenômeno bullying. Em suas próprias palavras,

“A adoção do termo bullying foi decorrente da dificuldade em traduzi-lo para diversas línguas. Durante a realização da Conferência Internacional Online School Bullying and Violence, de maio a junho de 2005, ficou caracterizado que o amplo conceito dado à palavra bullying dificulta a identificação de um termo nativo correspondente em países como Alemanha, França, Espanha, Portugal e Brasil, entre outros.” (LOPES NETO, 2005, pág. 165).

      A problemática envolvendo o bullying no Brasil começou a tomar corpo a partir dos anos noventa, conforme bem informa o Relatório de Pesquisa “Bullying escolar no Brasil”, seguindo a linha de pesquisas levadas a efeito por Cléo Fante, que destaca:

“É também na década de 1990 que um novo conceito passa a ser considerado no campo de estudos sobre a violência entre pares: o bullying. Para fins deste estudo, o bullying é definido como atitudes agressivas de todas as formas, praticadas intencional e repetidamente, que ocorrem sem motivação evidente, são adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, e são executadas dentro de uma relação desigual de poder. Portanto, os atos repetidos entre iguais (estudantes) e o desequilíbrio de poder são as características essenciais, que tornam possível a intimidação da vítima.” (PLAN BRASIL, 2010, pág. 4).

      Da mesma forma, no que diz respeito à utilização exata da noção do termo bullying, aqui no Brasil ainda é muito confuso e desconhecido pela maioria da população, segundo o relatório citado no parágrafo anterior, pois,

“A utilização do conceito apresenta algumas fragilidades. O próprio termo bullying causa estranhamento nos ambientes acadêmico e escolar, por se tratar de uma importação pouco adaptada às questões próprias da violência no ambiente escolar brasileiro. Como resultado, o bullying ainda não se encontra diferenciado no fenômeno geral de violência entre pares, e os critérios que tecnicamente o destacam, que se referem à repetição do ato à falta de motivação evidente, são de difícil aferição objetiva. Nesse sentido, sua operacionalização conceitual exigiria uma consistência ainda não atingida. Por essa razão, o termo, que não tem correlato em português, é utilizado muitas vezes de modo equivocado, referindo-se a episódios de conflitos interpessoais entre estudantes, os quais não se caracterizam pelos critérios indicados.” (PLAN BRASIL, 2010, pág. 5).

     Cumpre alertar para o fato de que o termo bullying que não apresenta um vocábulo correlato em língua portuguesa e, conforme já salientado, ainda é bastante usado de forma equivocada pelos meios midiáticos e até mesmo acadêmicos brasileiros. No próximo artigo vamos abordar a correta conceituação do bullying e suas marcas características como forma de trazer uma pequena luz aos estudos desse fenômeno tão complexo e importante.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMOVAY, Miriam. Drogas na escola. Brasília: Unesco, 2002.

CHALITA, Gabriel. Pedagogia da Amizade: Bullying: o sofrimento das vítimas e dos agressores. São Paulo: Gente, 2008.

Oxford: Dicionário Escolar para estudantes brasileiros de inglês. Português-Inglês/Inglês-Português. Edição Atualizada de acordo com a nova ortografia da língua portuguesa. Ano 2010.

FANTE, C. Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Editora Versus, 2005.

FANTE, Cléo e PEDRA, José Augusto. Bullying escolar: perguntas & respostas. Porto Alegre: Artmed, 2008.

LOPES NETO, A. A. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro, 2005.

PEREIRA, Beatriz Oliveira. Para uma Escola sem Violência. Estudo e Prevenção das Práticas Agressivas entre Crianças. Porto: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002.

PLAN BRASIL. Bullying no ambiente escolar. Brasil. Pesquisa: 2009.

SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.

SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Cartilha Bullying Professores e Profissionais da Escola, Brasília: CNJ, 2010.

WADA, Célia. Bullying: Perigo nas Escolas e em todo o Meio Ambiente. Artigo. Jul/2010. Disp. em:http://www.cmqv.org/website/artigo.asp?cod=1461&idi=1&moe=212&id=16265. Acesso em: março de 2015.

[1] Esses autores por sua abordagem bastante didática e bem completa sobre o bullying foram utilizados como parâmetro para a realização desta série de artigos sobre o bullying.

Moura Sîlva
Moura Sîlva

Professor, advogado, coach e terapeuta holístico sempre buscou atuar junto aos mais desprovidos de recursos. Seu trabalho aqui é focado principalmente em ajudar pessoas a mudarem de vida, alvancando sua vida pessoal, social e profissional. Atua no mercado de coaching, inteligência emocional, terapias, preparação para concursos público com cursos, consultorias e mentorias. Após a pandemia, passou também a ajudar terapeutas, coaches, advogados e pequenos empreendedores a montar sua presença digital.

Ajude seus amigos, compartilhe em suas mídias sociais!

Facebook
WhatsApp
Telegram
Email

O que você achou deste post? Comente por favor! gostaria de conhecer sua opinião.

Categorias

posts relacionados...

Plano de Ação, especialmente para OAB e Concursos

O que é sucesso? Neste e-book preparado especialmente para você, vamos considerar tudo aquilo que nos leva em direção ao topo. para ter sucesso é necessário seguir alguns passos. E um plano de ação é fundamental. Elaboramos um plano ninja de ação, a partir de ferramentas de coaching e gestão e oferecemos um modelo completamente preenchido, especialmente para o XXX EOU (prova da OAB). Aproveite, leia o post e BAIXE SEU E-BOOK, GRATUITO!

Leia Também»
Rolar para cima